Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (ACPVD) em Viseu

O Governo criou a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto. Esta entidade, que tem por missão fiscalizar o cumprimento do regime jurídico do combate à violência, racismo, xenofobia e intolerância nos espetáculos desportivos, já era uma necessidade perante a realidade a que temos assistido no desporto português nas últimas décadas. Com a criação da Autoridade, o Governo pretende promover “a intervenção sobre os fenómenos de violência associados aos espetáculos e, particularmente, às atividades desportivas, com especial incidência na dissuasão das manifestações de racismo, de xenofobia e de intolerância, promovendo-se o comportamento cívico e a tranquilidade na fruição dos espaços públicos”.

É um contra-senso que, estando nós no século XXI e devendo, nós humanos, sermos cada vez mais civilizados e tolerantes, estejamos a regredir e devamos ter cada vez mais instituições de polícia, justiça, fiscalização e regulação.

A ética não está presente no nosso dia-a-dia como era expectável, dada a enorme informação e formação que hoje temos. O sistema judicial é suspeito de alguns dos seus agentes terem relações perigosas com o desporto, em particular com o futebol. Os principais líderes das instituições nacionais mais relevantes do desporto nacional são arguidos em casos diferentes, mas que em comum têm o facto de não estarem a responder perante a justiça por comportamentos éticos e responsáveis.

O desporto pelos seus valores intrínsecos deve ser um exemplo para todas as outras atividades. Infelizmente está ela, também, “doente”.

Espera-se agora que esta nova entidade, que vai ter um trabalho de enorme complexidade, prime pelo rigor e que de uma vez por todas as cores não sejam nunca factor de avaliação. Têm sido demasiados os casos de violência, alguns mesmo com mortes, que não são punidos como exige uma sociedade moderna e evoluída. Ninguém minimamente inteligente pode pactuar com estes tipos de crimes.

O facto de esta entidade ficar localizada em Viseu, graças ao processo de descentralização de serviços públicos para o interior, é uma boa notícia. Seja para que atividade for, a descentralização é de aplaudir, mas para quem está mais atento ao fenómeno desportivo, esta descentralização em particular torna-se ainda mais interessante.

*Vítor Santos

*Embaixador para a Ética no Desporto

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