Mangualde é a minha cidade, aqui nasci, cresci e me fiz homem… depois a vida levou-me mundo fora…

Vive esta minha terra maravilhosa, de gente linda, trabalhadora, amiga e hospitaleira, dentro de mim como se fosse eu, somos inseparáveis… no tempo e no espaço… é como uma amada amante, de sempre e para sempre..

Aqui nasci no Hospital velho de então… depois disso veio o novo, que já se foi também.. e o velho agora sou eu..

Vivi e cresci na Quinta de S. Cosmado, hoje Bairro de S. João, fiz a escola nas Carvalhas com mestres de letras, que me ficaram no coração até hoje… e depois, fiz o Colégio de S. José… com outros  professores de muitos e variados saberes e ciências, que foram para mim verdadeiros mestres da vida, pois foi nos seus ensinamentos, que me levantei e caminhei vida fora… sobrevivi… e, gostei muito do que vivi; para todos eles, o meu singelo obrigado.

Andei por aí fora, fui um vagabundo da vida profissional, um nómada andante por Áfricas, Ásia, Europa, América… corri mundo, mais a trabalhar do que a passear… mas, voltei e volto sempre ao meu Mangualde… a minha terra.

Agora, o Sol Pôr de Mim chegou, na inevitabilidade dos anos que se me foram somando… e, sempre que estou em Mangualde, perco-me nos meus Passos Perdidos com que, insistente, percorro os caminhos que então caminhei, as matas que corri nos ventos que  pela minha juventude passavam, as terras que com a família trabalhei.. e os lugares que são lembranças inestimáveis de amigos e folguedos vários desses meus tempos… e que são e foram a essência de mim… e são saudades sem fim, nestes dias em que já desvanecendo me vou, no horizonte da vida.. coisas de velho… que gosta muito, mas mesmo muito da sua terra natal, Mangualde.

Os meus passos perdidos… por Mangualde

Em meus passos perdidos,

Pedaços de alma,
Reencontrados,
E lágrimas de orvalho vertidas,
Na alvorada de caminhos,
Passados,
Ora revisitados,
Nestes meus passos perdidos,
Sonâmbulos,
Por vezes funâmbulos,
Entre a vida e o seu sonho.

Ergo a taça crepuscular da vida,
Nesses pedaços de alma embebida,
E sonho ainda… novas auroras;

Só o sonho é alma.
O resto é…apenas a vida.

José Luiz da Costa Sousa

Sol-pôr de mim

Vida poente,
Sol-pôr de mim,
Caindo suave e silente,
Em horizontes de fim,
Enquanto sonho violinos,
Plangentes,
Alados,
Voando sinfonias azuis,
Em amanheceres de luz,
No ontem da vida,
Hoje…é já sol-pôr,
Sol-pôr de mim,
Fim.

José Luiz da Costa Sousa