A expressão que assenta perfeitamente no par de sapatos que adorávamos, nos jeans que tanto precisávamos, naquela camisola que tinha a cor perfeita ou nas relações da nossa vida!

Relações, um tema sobre o qual todos consideramos ter muita experiência e alegado conhecimento. Veja, somos os melhores a dar conselhos aos amigos e somos, de facto, quem eles procuram para esses conselhos! Diploma por experiência talvez!

A verdade é que conhecemos o mesmo manual de instruções. Aquele, padronizado, que assume o início de uma relação amorosa com um “para sempre”, numa quase “vida eterna” que ceifa caminho até ao “que a morte nos separe” e que, muitas vezes, bem antes da troca das alianças, já tudo, com exceção da morte, nos separou! Menos, claro, a motivação para o ritual “socialmente aceite” que alimenta a nossa tomada de decisão, firme, para o “prometo ser-te fiel”.

A verdade é que, por mais que adoremos os sapatos, se não entram no pé, de nada nos servem; queremos muito os jeans mas se o botão não aperta, não compramos e a camisola, é a cor perfeita mas não é o tamanho! Resolvido!

Se somos tão bem resolvidos nas coisas práticas das nossas vidas, como não fazemos o mesmo com relações que tão bem sabemos terem deixado de servir há tempo a mais?

Tornamos perenes momentos fugazes que nos alimentam a alma e que fazemos perdurar durante todos os outros dias em que a solidão ganharia espaço.  Assumimos, genuinamente, ser uma estratégia adaptativa no momento, mas é tipo rolha que quando salta, doí horrores!

 

Paciência e persistência não devem durar para sempre quando delas depende o equilíbrio de uma relação. Forçar é reconhecer o seu desequilíbrio e ignorá-lo!

 

Nunca coloque o amor próprio depois do amor pelo outro. Apaixone-se primeiro por si!

Adquira capacidade para avaliar a sua relação como sendo espectador dela. Veja “de fora”.  Quando a única perspetiva que temos é a que nos inclui como parte integrante, não conseguimos ver mais além.

O desgaste não é só para si, é para ambos e para os seus. Esclareça o “meu” papel e seja empático com o papel “dele”. Quando descobrir qual o “nosso” papel, está preparado para a relação.

 

Fique atento às reações do seu organismo. A ansiedade e o stress desequilibram-nos, mas manifestam-se para nos indicar que não estamos bem. Quanto mais cedo detetar esses sintomas e procurar ajuda, mais cedo recomeça.

Os planos são importantes para estruturar o seu projeto de vida. Escreva quais são os seus objetivos a curto e médio prazo e avalie se a sua relação faz parte desse projeto.

Rir de si mesmo é o primeiro passo da autoconfiança. Quando temos a capacidade de encarar com leveza as nossas dificuldades ou caraterísticas, sentimo-nos seguros com o que somos, o que fazemos e o que não queremos!

Comunique mais! A maioria das relações estagna por falta de comunicação. Partilhar o que nos incomoda fragiliza-nos e por isso evitamos, mas comunicar é também partilhar o bom! Verdade!

Bem sabemos, é tendencioso que quando nos sentimos desgastados, cansados ou impacientes numa relação tenhamos uma capacidade fiel de somatizar o que a outra pessoa tem de negativo. Atitudes más, comportamentos que não gostámos, observações “intoleráveis” para o momento! Encarnamos os “senhores das boas ações”!  Lembre-se que tudo depende da forma como o perspetivamos a situação. Quando nos validam ou elogiam não nos sentimos melhor com o mundo? Pois bem, valide e elogie quando sentir que gostou. Estas sim são as frases que nunca deveriam ter filtro nas nossas cabeças!

Escute mais. Todos temos opinião própria sobre tudo, curiosamente até sobre o que não conhecemos! Uma grande (não) qualidade do ser humano! Ouvir o outro é importante para a avaliação global do problema que é, afinal, de ambos e para ambos.

As relações não têm um padrão, padrão é o estereótipo que construímos nelas.

Passamos muito tempo das nossas vidas desconfortáveis, apertados, com a inspiração suspensa, infelizes…  Lembre-se que, se tiver de forçar, é porque não lhe serve!

Joana Pinheiro

Psicóloga