O 25Abr74 não foi apenas uma acção político militar bem sucedida, que derrubou e mudou o regímen político existente no País, mas foi, sobretudo, um Processo Revolucionário, dito em Curso, o PREC, como ficou conhecido, que se iniciou com o 25Abr75 e terminou com o 25Nov75 (19 meses depois).

O PREC foi definido por quatro (4) grandes marcos ou eventos principais, com impacto definitivo e irreversível no seu percurso: – o 25Abr74, o 28Set74, o 11Mar75 e o 25Nov75, todos descritos nos capítulos anteriores, excepto o 28Set74.

Estas quatro acções revolucionárias não surgiram espontaneamente, ao sabor de vontades políticas pontuais, ou de marchas e manifestações do povo, ou de capitães em movimento, antes pelo contrário, obedeceram a planos rigorosos, prévia e secretamente elaborados, por forças externas, internamente coadjuvadas e executadas, e que tiveram os seguintes objectivos reais:

1º- Mudar o regímen, 2º – Terminar a guerra do Ultramar, 3º – Descolonizar e dar Independências imediatas, pró URSS, às colónias, 4º – Democratizar e desenvolver Portugal.

As versões oficiais, das mencionadas quatro ocorrências chaves do processo revolucionário, são feitas de algumas verdades e, também, de muitas inverdades e hipocrisias políticas, para encobrimento das verdadeiras intenções dos seus autores, promotores, executores, beneficiários e, para lavagem e manipulação dos pouco pensados e ainda menos usados cérebros da lusa arraia miúda e, mais ainda da graúda, isto, falando da coisa política.

Para o efeito, essas versões formais dos ditos eventos, foram sintonizadas com as narrativas do correccionismo político e revolucionário da época, ainda hoje actual, no essencial; de concreto, só a cronologia dos factos conhecidos, e os agentes activos à vista desarmada, são verdades por inteiro, mas as acções consequentes, sobretudo as motivações dos ditos eventos, os seus heróis e vilões, as culpas e inocências das facções em oposição, são algo díspares das versões oficiais.

Qual foi, pois, a lógica política real e sequencial, e os objectivos verdadeiros, dos eventos principais ocorridos no processo revolucionário do 25Abr74?

Executado o 25Abr74, mudado o regímen, determinado o fim das acções ofensivas das Forças Armadas em África, isto, logo na segunda semana de Maio de 1974, pelo Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, Sexa o General Costa Gomes (pró URSS), o processo descolonizador avançou, rapidamente e em força, em favor exclusivo da ex URSS, tal como tinha sido acordado, clandestinamente, antes do 25Abr74, entre algumas forças políticas da oposição e a ex URSS, isto, como contrapartida de prometidos apoios políticos, informacionais, financeiros, etc… por esta facilitados, para a organização e execução do “golpe de estado e revolução”.

No entanto, o General A. Spínola, Presidente da República, pessoalmente, era contra a descolonização sumária, imediata e pró URSS, nos conformes do seu livro “Portugal e o Futuro”, espoleta e bandeira da revolução.

O General Spínola defendia um processo de descentralização e autonomia, progressiva e participada, das províncias ultramarinas que, ao longo dum período alargado de tempo lhes permitisse o acesso às independências, através de consultas populares e eleições democráticas, com salvaguarda dos interesses de todas as partes envolvidas, no âmbito duma Federação de Estados, sob a Bandeira de Portugal.

Por esta razão, as entidades políticas comprometidas com a “descolonização já”, exclusivamente pró URSS, e as cúpulas do MFA, Movimento das Forças Armadas, tiveram de “neutralizar politicamente” o General Spínola, e os seus supostos seguidores políticos.

Para o efeito, as referidas entidades politicas e o MFA, sob orientação ideológica, conceptual e operacional da URSS, em cumprimento dos manuais e rotinas políticas “encobertas, subversivas e golpistas”, daquela superpotência, conceberam, planearam e levaram à execução uma “1ª acção de bandeira falsa”, que se traduziu num apelo insistente ao povo em geral, via “mass média”, para realização duma chamada “Marcha da Maioria Silenciosa”, supostamente anti excessos políticos do PCP e das extremas esquerdas, a efectivar no dia 28 de Setembro de 1974, mas, fazendo constar, crer e parecer, ser tal marcha inspirada e mobilizada pelo Presidente Spínola e seus alegados fiéis, a quem acusaram nesse dia, via intensa propaganda dos média (num esquema de jogo duplo), de quererem usar a “Marcha da Maioria Silenciosa” para reverterem as conquistas de Abril, e impedirem o fim da guerra e a descolonização.

Tudo isto assumiu um grande dramatismo nacional, ampliado intencionalmente pela esquerdopatia delirante e totalitária que se vivia, sobretudo, pelos espalhafatos das espalhafatosas gentes “unidas e jamais vencidas”, vertidas anarquicamente nas ruas aos magotes, para bloquearem a entrada em Lisboa da tal marcha que, de tão silenciosa, mal mugiu, tugiu ou sequer se viu, excepto nos média, onde reinavam as mais mirabolantes ficções virtuais, que criaram intensas e absurdas percepções políticas da cuja marcha, afinal quase não concretizada, e dita contra revolucionária.

Foi nessas percepções que se fundamentaram os cérebros pensadores e executores daquele “ataque de bandeira falsa”, para levarem a efeito, nas catacumbas sombrias do poder abrilista, um golpe de estado palaciano, forçando o General António de Spínola a resignar da Presidência, assim como outras figuras célebres e politicamente sérias do Conselho de Estado, tudo isto, logo no anoitecer do dia 28Set74 (5 meses depois de 25Abr74).

O Presidente da República A. Spínola, nesse mesmo dia, já noite, resignou em directo pela TV, dirigindo à Nação um discurso notável, sentidamente patriótico; ouvi-o, sem lhe perceber as razões e intenções, com grande comoção minha e incompreendida surpresa.

Spínola tinha sido apenas cinco meses Presidente.

A aceitação da forçada resignação pelo Presidente A. Spínola, nesta situação, não passou duma fuga incompreensível aos seus deveres e responsabilidades, assumidas perante a Nação no dia 25Abr74, e foi, sobretudo, uma atitude indigna e imprópria dum General e dum Presidente da República, que tinha sido, enquanto general, o grande impulsionador moral e político-militar dos capitães, que trabalharam na concepção, planeamento e depois execução do 25Abr74, tendo lançado os portugueses numa aventura ultramarina trágico revolucionária, que destruiu em dezanove meses, o Portugal glorioso e velho de mais de cinco séculos e meio, de que resultaram ao longo do tempo, pós 25Abr74, milhares de mortos, refugiados, deslocados, etc.

O Presidente da República A. Spínola resignou e lavou as mãos das suas obrigações políticas oficiais, para com todos os povos portugueses, tal como se fora um qualquer vulgar Pôncio Pilatos, que tinha acreditado ser ele um novo salvador da Pátria, tendo sido até para o efeito, o “Presidente da Junta de Salvação Nacional”, mas, fugiu às primeiras provações e embates sérios com os agentes nacionais dos interesses da URSS, inimigos de Portugal, neocolonizadores do nosso Ultramar e comunizadores da nossa Metrópole.

Spínola tinha a legitimidade revolucionária, e tinha a autoridade do seu indiscutível carisma e prestígio político militar, mais que nenhum outro, para se manter no seu cargo de Presidente da República, mesmo contra a vontade das forças políticas que lhe eram adversas, isto, em defesa dos seus ideais e compromissos políticos, por ele assumidos oficialmente perante os portugueses e, limpar o País dos vendilhões do Templo, liderando os portugueses patriotas e democratas, que eram a maioria, e fazer prevalecer as ideias políticas expressas no seu livro “Portugal e o Futuro”, no qual os portugueses acreditaram, como tal o seguiram, apoiaram e, se tivesse de ser preso, ou mesmo dar a vida em defesa desses ideais, pois que fosse, era o mínimo que devia ter feito, como militar e português, mas, resignar e fugir, nunca.

Spínola, nesta conjuntura política, não foi nem General, nem Presidente, nem Portugal.

Foi apenas um não Capitão dum navio que, aos primeiros indícios de tempestades e ondulações desafiantes, indiciando potencial naufrágio, foi o primeiro a fugir, antes mesmo dos ratos que o adulavam.

Para o substituir, avançou a sua sombra de atalaia, o General Costa Gomes, logo ali nomeado Presidente da República, já noite feita, apenas por dois votos, ambos dos três membros remanescentes no Conselho de Estado pós 28Set74, um do Almirante Rosa Coutinho, que estava em Angola e votou por telefone, outro do Almirante Pinheiro de Azevedo, presente; o terceiro foi ele próprio, Costa Gomes.

Este General entrou assim em cena, pela sombria calada da noite nacional, como Presidente da República, mas, pisando desde logo chão firme em direcção às descolonizações e neocolonizações urgentes pró URSS, e à comunização acelerada do País, conforme planos do PCP/ Moscovo.

Costa Gomes era um ser insondável, embora politicamente coerente, foi sempre anti Estado Novo, esteve com o General Humberto Delgado nas eleições Presidenciais de 1958, depois apoiou o General Botelho Moniz em 1961, Ministro da Defesa, e de quem o Coronel Costa Gomes era Secretário de Estado, numa mal sucedida tentativa palaciana, para derrubarem o Presidente de Conselho, Oliveira Salazar.

Esta figura singular sobreviveu sempre, na política e na carreira profissional, a todos os seus companheiros nessas tentativas de assalto ao poder; foi um conspirador exímio, bem-sucedido pessoalmente, já no fim da sua carreira, com o, igualmente, bem sucedido fim do Portugal Histórico.

Passados mais cinco meses, o General António de Spínola, já resignado de funções oficiais, mesmo sem nada fazer, a não ser andar por aí, continuou a polarizar em torno de si, muitos dos militares e civis dotados de elevada consciência dos interesses nacionais, e que discordavam das descolonizações pró URSS e da sovietização do País, mas apenas e só em termos de opinião, e pouco mais.

Mesmo assim, a excessiva psicopatia revolucionária de algumas forças políticas, identificou de novo o General Spínola e os seus supostos “fiéis seguidores”, como continuando a serem o único obstáculo político, contra a descolonização imediata e total pró URSS e, como tal, houve que os neutralizar mais uma vez, o que essas forças políticas e os seus satélites efectivaram com outra genial “golpada de bandeira falsa, a chamada inventona do 11Mar75”, obra prima das bandeiras falsas, coisa de indiscutível maestria e saber, de ver para crer.

O 11Mar75 teve os seguintes objectivos reais, ditos politicamente incorrectos:

1º – Neutralizar todos os militares e civis relevantes, identificados como potenciais opositores activos, ao processo descolonizador pró URSS, “aquietando-os” em Caxias, como aconteceu de facto, até à descolonização final, a 11Nov75.

2º – Acelerar o processo descolonizador versus neocolonizador pró URSS, de todas as províncias ultramarinas;

3º – Acelerar o processo de comuno sovietização de Portugal, em particular as nacionalizações em massa da economia e, consolidar o poder político real dum certo partido, tendo em vista as eleições para a Assembleia Constituinte, a ocorrerem a 25Abr75.

Executado o 11Mar75, os seus “vencedores” inculparam dele o General A. Spínola, mais uma tal “lista da matança da Páscoa” e os paraquedistas; acusaram-nos a todos de serem anti 25Abr74, contra revolucionários, reaccionários, fascistas, etc… e, logo nesse dia e seguintes, armados com mandados de prisão assinados em branco, pelo inefável alegado cérebro do 25Abr74, General Otelo S. de Carvalho, a marabunta militar e civil dos célebres “unidos jamais serão vencidos”, a mando do MFA, Movimento das Forças Armadas e das esquerdas pró Moscovo e outras mais radicais, desceram às ruas, vasculharam todos os cantos e recantos do País, e enfiaram nas enxovias de Caxias todos os detidos, excepto o General António de Spínola, que já se tinha “heli escapado” para Espanha.

A “lista da matança da Páscoa” circulou no país e, dizia-se ter sido feita para definir, nominalmente, as pessoas que iriam ser, física e selectivamente, eliminadas por um grupo de terroristas e guerrilheiros vindos do Uruguai, os Tupamaros”, que estariam aquartelados no RALIS, quartel de Artilharia, à saída de Lisboa, para o Norte.
“Wikipédia. A Matança da Páscoa, é a designação duma suposta operação militar de preparação dum golpe de estado em Portugal em 11Mar75, atribuída ao PCP, apoiado pela URSS, e que passaria pelo assassinato de várias personalidades anti URSS; entre as personalidades alegadamente a abater havia 500 oficiais e 1000 civis apoiantes do antigo presidente General Spínola”.
Depois do 11Mar75 nunca mais se ouviu falar nos Tupamaros, ou na lista da matança da Páscoa, foi tudo “fumaça”, seja, parte desta fantasiosa cabala daquela “bandeira falsa”.

De tão infantil foi esta tragicomédia, atentória mesmo da nula cultura política do povo luso, que nem sequer se pode considerar ter sido uma invencionice idiota, foi sim, um acto jocoso de difícil acreditar, contra a simplicidade campónia desta nossa boa gente, mas, como eu a vivi em tempo real, e também por ter tido acesso à lista dita da matança da Páscoa, etc… na realidade, foi um facto concreto, embora falso, que funcionou perfeitamente, como se fosse verdadeiro.

Os presos políticos do 11Mar75, todos detidos sem quaisquer mandados judiciais e, só foram sendo libertados, incógnitos, sem acusação e sem julgamento, depois da independência neocolonial de Angola, oito meses mais tarde.

O General Spínola, mais uma vez, depois do 11Mar75, fugiu às suas responsabilidades e, auto exilou-se em Espanha.

Reitera-se que o General A. Spínola deveria, em particular, neste segundo incidente que o envolveu, ter permanecido em Portugal, para enfrentar a situação como um Homem, como General e como Português, mas, fugir …foi assumir-se culpado, sem o ter sido, e foi dar razão aos inimigos de Portugal.

A seguir ao 11Mar75, Portugal, já sob controle político, subterrâneo mas real, do PCP, avançou de imediato, a toque de caixa e à carga, com a entrega de todas as províncias ultramarinas aos movimentos armados da ex URSS, existentes em cada uma delas, excepto na fase inicial em Angola, onde também foram consideradas a FNLA e a UNITA, ambas anti Moscovo, afastadas depois de Luanda pela dupla conluiada do MPLA e Portugal, no período de 29Jul a 15 de Agosto de 1975, (estive envolvido, pessoal e operacionalmente no terreno, em Angola, neste processo), isto, imediatamente antes da sua independência neocolonial a 11Nov75, pró URSS.

Simultaneamente, no pós 11Mar75, a Metrópole foi assolada por uma “tsunami”, catastrófico e aberrante de comunismo hipersónico, sob a liderança do triunvirato constituído pelos, Presidente da República Costa Gomes, General Otelo S. Carvalho e Primeiro Ministro Vasco Gonçalves, e que quase comunizou Portugal, abruptamente, com a estatização total da Banca, das grandes e médias empresas, e a reforma agrária radical das grandes herdades, ocupadas pelos trabalhadores, os quais expulsaram os seus proprietários, ditos “latifundiários”, e ainda a inqualificável “pandemia de saneamentos selvagens”, nos quartéis, universidades, empresas, fábricas, média, etc… tudo acções do PCP e congéneres.

Esses saneamentos expulsaram do seu “ganha pão”, profissionais competentes e honestos, por não serem suficientemente comunistas, logo substituídos por oportunistas desqualificados, e que eram proletários e operários analfabetos, soldados e marinheiros, todos eles do partido pró URSS tarimbeiros … de que resultaram graves inquietações políticas nos EUA, Europa e OTAN.

Tendo a URSS atingido todos os seus objectivos prioritários em Portugal no dia 11Nov75, com a independência Cubanizada e pró URSS de Angola, e com Portugal já sob forte pressão internacional, incluindo já repetidas ameaças concretas da intervenção da OTAN, propostas e pressionadas pelo Secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, junto da OTAN e do Generalíssimo Franco de Espanha, para eliminação da ameaça soviética anti OTAN, em que Portugal se tinha constituído, a URSS decidiu então avançar, urgente, com o 25Nov75, via PCP, para execução dos seguintes objectivos :

1º – Recuo estratégico do PCP/URSS do controle real anti democrático, que detinham sobre o Poder político e, passagem do PCP para os bastidores da revolução, a fim de sossegar o povo português, a comunidade internacional e a OTAN, alarmados com os excessos do PCP;

2º – Eliminação das anárquicas extremas canhestras, já inúteis e incontroláveis, cujos extremismos políticos e civis eram absolutamente criminosos, e do foro da criminalidade comum, por exemplo, assaltos a bancos e assassinatos.

As forças militares e políticas de contenção do 25Nov75 venceram e, cumpriram-se os dois objectivos atrás expostos, isto é, o PCP saiu do palco principal da revolução, tal como planeado, por ordem da URSS, e passou de imediato para um patamar político secundário, abdicando da comuno sovietização intensiva e extensiva de Portugal, em curso desde o 11Mar75, e abdicando também do assalto e partilha, não democrática, do poder político, como era sua “praxis” continuada, desde o 25Abr74.

Como pormenor do contexto dos acontecimentos do 25Nov75, reporta-se que desde o chamado “Verão quente” de 1975, havia em Portugal, de Rio Maior para Norte, um cada vez maior ódio popular contra o PCP e não só, traduzido numa vaga de incêndios das suas sedes e do MDP/CDE (conhecido como o PCP nº 2), e outros incidentes graves.

O povo português percebeu perfeitamente, que o fabricante do 25Nov75, com a “suposta intenção” não democrática da conquista do poder total, tinha sido o PCP e os seus afins políticos de extrema esquerda, e esperava que, como tal, fosse penalizado, mas tudo estava bem planeado para o PCP ser pública e politicamente “lavado”, pelo Major Melo Antunes, como tal, o PCP ficou incólume, e M. Antunes saiu ainda mais prestigiado com este episódio; ironias da “não inteligência política geral”, daquele tempo.

E, foi nessa perspectiva, que aquele sumptuoso e convicto militante da revolução, o Major Melo Antunes, apareceu a salvar o “seu” eleito PCP, ao fazer uma intervenção surpresa na RTP, logo depois do 25 de Novembro de 1975, garantindo aos portugueses ser aquele seu partido inocente nos acontecimentos e, ser o PCP absolutamente indispensável e fundamental, para a construção da democracia e do socialismo em Portugal.

Esta “auto anulação” do PCP/URSS em Portugal, pós 25Nov74, fez cessar a ameaça duma intervenção iminente da OTAN em Portugal, a qual faria de Portugal a tal vacina anti comunista da Europa.

Concluindo, a “auto neutralização” de parte da influência política da URSS em Portugal foi, pois, pressionada por relevantes interesses geoestratégicos da própria URSS, que ultrapassavam Portugal e, pelos interesses igualmente geoestratégicos dos EUA, que exigiram à URSS não só essa sua “auto” neutralização política parcial em Portugal, mas também a cedência dos direitos de exploração dos petróleos de Cabinda, em Angola, tudo isto, em contrapartida dos EUA não interferirem na Russo Cubanização de Angola e, de mandarem retirar das portas de Luanda, a norte, a “sua” Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA, reforçada com os Comandos Especiais do Tenente Coronel Gilberto Santos e Castro, que estiveram prestes a entrar em Luanda e, a Sul, uma coluna militar Sul Africana, que progredia também rapidamente para Luanda.

Com o fim da descolonização pró URSS e a retirada do partido pró moscovo do exercício do poder real, embora encoberto, as forças verdadeiramente democráticas do País puderam então assumir, plenamente, a democracia e a liberdade política, facto que ocorreu e só foi possível, devido ao 25 de Novembro de 1975.

Em boa verdade pois deverá ser esta data, a do 25Nov75, celebrada como aquela em que a liberdade política e a democracia entraram em funções plenas no País.

O 25Abr74, foi o ponto de partida de todo o processo, mas os 19 meses entre aquelas duas datas, não foram tempos, nem de democracia e nem de liberdade por inteiro.